Fuente: 3B’s Research Group

Cientista da UMinho recebe bolsa milionária do Conselho Europeu de Investigação

Rogério Pirraco, do Grupo de Investigação 3B’s da Universidade do Minho, acaba de ser distinguido com uma bolsa de 1.5 milhões de euros do Conselho Europeu de Investigação (ERC). O cientista vai desenvolver nos próximos cinco anos uma nova forma de ligar vasos sanguíneos de pacientes e órgãos e tecidos fabricados em laboratório para transplante.

As bolsas científicas ERC são as mais prestigiadas e competitivas da Europa, sendo atribuídas pela quinta vez ao Grupo 3B’s, dirigido pelo professor Rui L. Reis. São projetos individuais cuja seleção é fundamentada, em 50%, no currículo do investigador (deve estar no topo dos que trabalham na Europa) e, em 50%, na excelência do projeto a executar, o seu grau de risco e a abordagem radicalmente inovadora e nas fronteiras da ciência. Rogério Pirraco apresentou o projeto “Engineered Capillary Beds for Successful Prevascularization of Tissue Engineering Constructs” e obteve uma Starting Grant, destinada a quem está a iniciar uma carreira independente e a estabelecer a sua própria linha de investigação, tornando-se assim mais competitivo em temos internacionais e aumentando a visibilidade da investigação europeia.

Rogério Pirraco quer desenvolver uma abordagem inovadora na criação de um leito capilar bioartificial que sirva de interface entre órgãos ou tecidos fabricados em laboratório e a vasculatura de pacientes que deles necessitem. Essa interface permitirá uma fácil ligação cirúrgica entre os vasos sanguíneos dos pacientes e os órgãos e tecidos transplantados, facilitando a perfusão destes últimos e a sua viabilidade após o transplante. O projeto multidisciplinar integra conhecimento das ciências da Vida, nomeadamente de biologia celular para o cultivo das células que darão origem a capilares sanguíneos, e da Engenharia, para a fabricação da estrutura tridimensional do leito capilar e a sua maturação através de um biorreator com componente microfluídica, na linha da chamada “investigação totidisciplinar” do Grupo 3B’s, que faz parte do Instituto de Investigação em Biomateriais, Biomiméticos e Biodegradáveis (I3Bs) da UMinho e está sediado no AvePark, em Guimarães.

“Esta bolsa resulta do meu empenho e, também, do contexto existente no Grupo 3B’s, onde disponho do apoio incondicional do professor Rui L. Reis, cientista de referência mundial, e de condições únicas para desenvolver a minha investigação e, obviamente, para escrever projetos competitivos”, diz Rogério Pirraco. “Receber este financiamento é uma honra, mas também um desafio e uma responsabilidade. É uma oportunidade única para desenvolver uma tecnologia capaz de superar o problema da deficiente vascularização de órgãos e tecidos desenvolvidos em laboratório, que é um dos maiores obstáculos à aplicação clínica de estratégias de Engenharia de Tecidos, com o potencial de tratar milhões de pacientes a necessitar de transplantes”, realça.

Nota biográfica

Rogério Pirraco nasceu há 35 anos no Porto, onde vive. É investigador auxiliar do Grupo 3B’s, suportado por um contrato Investigador FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia). Licenciou-se em Biologia Aplicada e doutorou-se em Engenharia de Tecidos, Medicina Regenerativa e Células Estaminais pela UMinho, incluindo um ano na Tokyo Women’s Medical University (Japão). Liderou a secção europeia de estudantes e jovens investigadores da Sociedade Internacional de Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa e foi o representante dos investigadores no conselho científico da Escola de Engenharia da UMinho. Venceu dois prémios em conferências internacionais e tem mais de 50 trabalhos publicados.

Sete bolsas ERC para a UMinho

Neste concurso de 2018 de Bolsas de Iniciação de Carreira do ERC, Portugal obteve cinco bolsas, num total de financiamento atribuído de 7,2 milhões de euros, incluindo a de Rogério Pirraco. A UMinho já conseguiu nos diversos concursos sete bolsas do ERC, sendo duas de iniciação de carreira (StG), três de consolidação de carreira (CoG) e duas bolsas avançadas para cientistas estabelecidos (AdG). Destas, cinco (uma StG, as duas AdG e as três CoG) foram atribuídas a investigadores do Grupo 3B’s.